Um gargalo que ofusca o Verão

Florianópolis, a Ilha da Magia, é reconhecida mundialmente por suas belezas naturais e por atrair milhares de turistas a cada verão. No entanto, a cidade enfrenta um velho problema que insiste em ofuscar o brilho da alta temporada: a mobilidade urbana.

O último fim de semana do ano já deu uma amostra do caos que está por vir, com congestionamentos que transformaram o simples trajeto às praias em uma verdadeira odisseia. A chegada de turistas intensificou os já frequentes congestionamentos nas principais vias da cidade, como a Beira-Mar Norte, a SC-401 e os acessos às praias mais populares.

A dependência de veículos particulares, somada à falta de alternativas eficientes de transporte coletivo e à ausência de infraestrutura adequada, cria um cenário de trânsito caótico. Enquanto turistas lotam as praias e os moradores tentam manter a rotina, a cidade expõe sua incapacidade de absorver o aumento no fluxo de pessoas.

A solução para esses problemas exige mais do que medidas paliativas. É preciso um planejamento de longo prazo que contemple obras estruturais, como novas vias, duplicações e até mesmo a construção de ponte ou túnel ligando o Continente à Ilha. No entanto, essas iniciativas, como sabemos, não saem do papel em menos de cinco anos – isso se não forem interrompidas por embargos ou outros entraves burocráticos.

No curto prazo, a ampliação da oferta de transporte coletivo, melhorias nas ciclovias e incentivos ao uso de transportes alternativos podem minimizar os impactos. Mas é essencial que o Poder Público encare a mobilidade urbana como prioridade. Os gargalos no trânsito não só penalizam os moradores, mas também comprometem a experiência dos turistas, que podem levar para casa a lembrança de filas intermináveis em vez das paisagens paradisíacas.

Florianópolis tem um potencial enorme para consolidar-se como um destino turístico sustentável e eficiente. No entanto, esse potencial só será plenamente alcançado quando a mobilidade urbana deixar de ser um entrave e passar a ser uma aliada do desenvolvimento. O verão está aí, mas as soluções ainda parecem distantes – e isso, infelizmente, é um cartão de visitas que a cidade não pode mais se dar ao luxo de apresentar.