Seminário destaca hortas escolares e compostagem como ferramentas pedagógicas e sustentáveis

Promover hortas e espaços de compostagem em escolas públicas e privadas foi o foco do Seminário Hortas e Compostagem em Ambientes Escolares, realizado na última quinta-feira (21), no Auditório Deputada Antonieta de Barros, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), em Florianópolis.

A ação é promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, presidida pelo deputado Marquito (PSOL), com apoio da Escola do Legislativo da Alesc. O evento já passou por Itajaí, Lages e Criciúma, e tem nova edição prevista para setembro, em Concórdia.

Segundo Marquito, a proposta é fortalecer a agroecologia nas escolas como política pública permanente. “A agroecologia garante solo mais saudável e contribui para a saúde da comunidade escolar. Esses encontros são fundamentais para pensarmos juntos como transformar essas práticas em políticas efetivas, aproximando o ser humano da natureza”, destacou o parlamentar.

Capacitação de professores e gestores

Durante o seminário, os participantes receberam orientações práticas sobre como implantar hortas pedagógicas e sistemas de compostagem para reaproveitamento de resíduos orgânicos. A palestra de abertura foi conduzida pela pedagoga e ecologista Fabiana Nogueira, que atua em uma escola de São José.

Ela destacou o papel da educação ambiental na formação de uma cultura sustentável. “Nosso objetivo é ensinar a conexão com a natureza e o cuidado com o que nos cerca. Queremos formar uma grande rede, capacitando professores, gestores e toda a comunidade escolar para que mais hortas possam ser criadas nos ambientes educacionais.”

Merendeiras como aliadas na horta

O agrônomo Júlio Maestri ressaltou a tradição de Florianópolis no cultivo de hortas escolares. Segundo ele, cerca de 70 escolas da rede municipal já possuem hortas e mais de 40 contam com espaços dedicados à compostagem. Ele também destacou a atuação das cozinheiras e merendeiras, que contribuem no cultivo de temperos usados na alimentação escolar, mas que não são fornecidos diretamente pela merenda. “Queremos valorizar essas experiências para inspirar mais professores a adotarem essa prática”, afirmou.

Curiosidade e encantamento das crianças

Na creche NEIM Lausimar Maria Lauss, no bairro Rio Vermelho, a horta é mantida com a participação ativa das crianças. A responsável pelo espaço, Bernadete Vera Krein, conta que a curiosidade dos pequenos é despertada com explicações simples sobre o processo de germinação. “Quando explico que as cascas de alimentos são vitaminas para a terra, todos querem participar. A horta é um laboratório vivo, cheio de segredos que eles adoram descobrir”, relata.

Integração com a comunidade

A professora Shirlen Vidal de Oliveira, do programa de Educação de Jovens e Adultos (SEJA), também no Núcleo Quilombola do Rio Vermelho, relatou como a horta se tornou um espaço de convivência e aprendizado intergeracional. “Trabalhamos com pedagogia alternativa, unindo o tempo de aula com atividades comunitárias. Cultivamos hortas, viveiros, minhocários e compostagem, que estão sempre abertos à visitação de estudantes e moradores da região.”

Lixo zero como meta

O seminário contou ainda com a presença do professor de agronomia da UDESC, Germano Guttler, que apresentou a experiência de Lages na busca pelo conceito de “lixo zero”. Ele destacou a importância da separação correta dos resíduos e o uso dos orgânicos na compostagem como caminho para reduzir o impacto ambiental das escolas.