Brasil e Estados Unidos: hora de negociar
A possibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunir com o presidente Donald Trump na próxima semana é um alívio para a indústria brasileira. A chance de rediscutir as pesadas tarifas impostas pelos Estados Unidos e retomar o diálogo direto é o mínimo esperado para proteger empregos e manter a competitividade do Brasil – mesmo que diferenças políticas entre os dois líderes tornem a negociação desafiadora.
CNI e Fiesc deixaram claro: essa reunião pode abrir caminho para negociações reais, que reduzam sobretaxas e tragam segurança para investimentos. Não é exagero dizer que está em jogo o futuro de setores inteiros. Em Santa Catarina, por exemplo, madeira e móveis respondem por boa parte das exportações para os Estados Unidos. Com tarifas de até 50%, muitas empresas foram obrigadas a cortar funcionários e rever investimentos, o impacto é concreto e imediato.
Mais do que números, a reunião representa oportunidade de reconstruir confiança. Reduzir barreiras, ampliar cooperação em inovação e sustentabilidade e criar segurança jurídica para o longo prazo: é disso que a indústria precisa.
No entanto, é impossível ignorar que Lula e Trump têm visões políticas e econômicas bastante distintas: do meio ambiente ao comércio global, passando por alinhamentos geopolíticos. Isso exigirá habilidade diplomática e pragmatismo, pois decisões de cúpula podem ser duramente influenciadas por interesses políticos.
Não será fácil, não há soluções mágicas. Mas a simples disposição para conversar já é um passo na direção certa. Bom lembrar que decisões no nível mais alto têm impacto direto na vida de trabalhadores e empresários. Esse possível encontro entre Lula e Trump pode ser apenas o começo, mas é um começo que vale atenção e, se bem aproveitado, pode mudar o rumo de setores inteiros da economia brasileira, mesmo em meio a divergências políticas.
Verticalização
Desde 2018, a disputa presidencial dita o tamanho das bancadas federais em Santa Catarina. PSL e PL cresceram na onda de Jair Bolsonaro e conquistaram as maiores vagas em 2018 e 2022. Agora, sem o ex-presidente nas urnas, a expectativa é que partidos de direita com presidenciáveis, como Republicanos, Novo e PSD, concentrem as eleições de deputados federais. O PL, mesmo sem candidato à Presidência, ainda conta com fortes puxadores de voto, como a deputada Caroline de Toni, o que deve garantir espaço para a sigla. Já MDB, PSDB e outras legendas tradicionais, sem nomes competitivos e nem presidenciáveis, tendem a encolher suas bancadas.
Reforma tributária
Nos dias 2 e 3 de outubro, Florianópolis sediará o 7º Congresso de Direito Tributário da Asset/SC. O encontro acontece no auditório do CRC/SC, no Centro. O tema central será a reforma tributária, assunto de grande repercussão jurídica, política e econômica. Especialistas debaterão de forma crítica os impactos práticos das mudanças propostas. Serão analisados os desafios de implementação do novo sistema tributário. O objetivo é apontar caminhos para uma tributação mais justa e eficiente no país.
Mudou
Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou, em dois turnos, a PEC da Blindagem (PEC 3/2021), que amplia as prerrogativas parlamentares em processos judiciais. A votação foi marcada por forte articulação política e mudanças de posicionamento: 40 deputados alteraram seus votos em algum momento da tramitação. De Santa Catarina, apenas Ismael dos Santos (PSD) mudou a orientação, mas somente na análise da emenda aglutinativa que restabeleceu o voto secreto. Nos dois turnos principais, ele acompanhou a maioria e votou a favor da proposta.
Um ano
O TRE-SC (Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina) fará uma coletiva de imprensa no dia 1º de outubro, às 14h, em Florianópolis. O encontro marca a contagem de um ano para as eleições de 2026. Participarão o presidente do tribunal, desembargador Carlos Alberto Civinski, o vice-presidente e corregedor, desembargador Carlos Roberto da Silva, e o diretor geral, Gonsalo Agostini Ribeiro. Serão apresentadas informações sobre a organização do pleito e temas de interesse dos eleitores. Também será lançada uma campanha de combate à desinformação.
Editorial
O Grupo ND se posicionou fortemente contra a chamada PEC da Blindagem, aprovada na Câmara sob a justificativa de conter o “ativismo judicial” do STF. Em editorial na edição de ontem do jornal ND, foi enfático em apontar que a proposta cria um salvo-conduto para parlamentares envolvidos em crimes, amplia privilégios e dificulta investigações. O editorial denunciou o corporativismo, que chegou ao extremo ao prever voto secreto e até blindagem em casos de flagrante. A sociedade já reagiu com protestos em várias capitais contra o retrocesso. Nesse cenário, merece destaque a firmeza do Grupo ND em defender a democracia e cobrar responsabilidade dos parlamentares.
Ministro
O Sebrae, em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária, lança hoje o projeto “SIMples asSIM! – do Pequeno para o Brasil”. A iniciativa busca incentivar a formalização de pequenas agroindústrias e dar mais força ao SIM (Serviço de Inspeção Municipal). O evento será às 13h30, no Parque da Festa Trentina, em Rio dos Cedros, no Vale do Itajaí. Estão confirmadas as presenças do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e do presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima. A proposta é ampliar a adesão ao Sisbi-POA, garantindo competitividade e novos mercados aos produtores.
