MDB e a vaga prometida; Jorginho x Moisés; Inovação no Tribunal de Contas; entre outros destaques

MDB e a vaga prometida

A movimentação recente do comando nacional do PL para tentar acomodar Carlos Bolsonaro no tabuleiro catarinense revela mais riscos do que soluções. A alternativa ventilada, de oferecer a vaga de vice na chapa do governador Jorginho Mello (PL) ao senador Esperidião Amin (PP) e, em troca, abrir espaço ao Senado para atrair João Rodrigues (PSD), conforme informação do jornalista Igor Gadelha, tem sido tratada em Brasília como um gesto de pragmatismo eleitoral. Mas, em Santa Catarina, o efeito pode ser exatamente o oposto: um conflito aberto com o MDB, aliado decisivo do governo estadual.

O ponto central é simples. A vice já foi prometida ao MDB, e não em conversas frágeis ou informais. Trata-se de compromisso político reiterado e, segundo lideranças emedebistas, parte essencial do acordo que sustenta a coalizão estadual.

É verdade que o governador não cravou publicamente que a vice será emedebista. No evento do partido no mês passado, Jorginho limitou-se a afirmar que o MDB estará na chapa. Porém, a interlocução política ao longo dos últimos meses consolidou, no imaginário interno, a expectativa de que os emedebistas ocupariam justamente essa vaga.

O PL não confirma, mas faz a conta que caso consiga atrair João Rodrigues para a chapa, o MDB não terá muitas opções. Ou fica com PL ou terá que apoiar o projeto do PT em Santa Catarina.

Além disso, o plano da cúpula do PL colide com outro dado incontornável: o presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, deixou claro que a reeleição de Esperidião Amin ao Senado é “fechada, pacificada, 100%”. Ou seja, nem Amin abre mão da vaga, nem a federação União-Progressistas admite recuos. A ideia de deslocá-lo para a vice, portanto, nasceria politicamente inviável.

Por fim, incluir João Rodrigues na disputa ao Senado tampouco pacifica nada. Há resistências internas no PSD e rejeição significativa no próprio PL. O resultado, se o plano avançar, será uma crise ampliada – e não a solução que Brasília imagina. Em política, rearranjos forçados costumam custar mais caro do que manter a palavra. E, neste caso, quebrar o compromisso com o MDB pode custar caro.

Jorginho x Moisés

O Pleno do TRE-SC julga na próxima semana o recurso criminal movido pelo governador Jorginho Mello (PL) contra o ex-governador Carlos Moisés. A ação foi motivada por uma fala no debate de 2022, quando Moisés afirmou que Jorginho teria pedido para não mexer em um contrato público de R$ 100 milhões. Em primeira instância, o ex-governador obteve vitória, e os advogados de Jorginho recorreram ao TRE.

Absolvição

O Ministério Público Eleitoral recomendou a manutenção da absolvição de Carlos Moisés. Para o MP, as provas colhidas mostram que a conversa entre ambos realmente existiu, ainda que haja divergências sobre o conteúdo exato. Dois ex-secretários confirmaram ter sido procurados por Moisés após receber um alerta do então senador sobre licitações no sistema prisional. Diante disso, o órgão concluiu não haver comprovação de falsidade nem de intenção deliberada de caluniar. O parecer pede que a absolvição seja mantida por falta de elementos que sustentem a condenação.

Inovação

O Tribunal de Contas do Estado deve anunciar em breve dois modernos softwares inovadores criados por sua equipe técnica. Trata-se de recursos que permitirão acesso e busca direta dos processos digitalizados por conselheiros, procuradores e advogados. A tecnologia dará mais transparência e agilidade nos julgamentos dos processos. A informação é do presidente do TCE, conselheiro Herneus De Nadal, durante visita ao novo presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, Luiz Nilton Corrêa, que foi propor renovação de acordo de cooperação cultural entre as duas instituições. Na foto, Herneus recebendo a revista do instituto.

Vocação ameaçada

A Vinícola Panceri e a Associação Cultural da Vitivinicultura recorreram da decisão que autorizou a instalação de uma granja de suínos a cerca de 300 metros do principal corredor turístico de Tangará, alertando para riscos ao setor e até ao fechamento do único museu da vitivinicultura de Santa Catarina. O recurso aponta erro da prefeitura ao ignorar a Lei do Corredor de Interesse Turístico e sustenta que o empreendimento, embora fora do contorno oficial, está na rota dos ventos que afetam degustações e visitas. Há ainda questionamentos ao licenciamento ambiental do IMA. O caso é visto como precedente perigoso para a convivência entre turismo e suinocultura. E, segundo o setor, eventual prejuízo recairá sobre toda a economia turística regional.