A CPI que o país não pode desperdiçar
O Brasil tem mais de 80 organizações criminosas atuando livremente. A CPI do Crime Organizado, instalada ontem no Senado, pode ser o empurrão que o país precisa para finalmente tratar segurança pública como política de Estado, e não como munição eleitoral.
Primeiro, é preciso reconhecer o óbvio: o crime organizado virou um poder paralelo. Domina fronteiras, financia campanhas, controla comunidades e movimenta fortunas em dinheiro sujo. Quando o Estado se omite – e não importa o partido que esteja no governo –, quem governa é o medo. Por isso, o papel da CPI não é apenas apontar culpados, mas expor o tamanho do buraco. Saber como o tráfico de drogas e armas cruza fronteiras, como o dinheiro é lavado com “fachadas” de empresas legais e como a corrupção abre portas dentro do sistema prisional.
O segundo ponto é que a CPI reúne um time com experiência técnica real. O presidente, Fabiano Contarato (PT-ES), e o relator, Alessandro Vieira (MDB-SE), são delegados de polícia de carreira. Não são novatos em enfrentar o crime – e não devem tratar essa CPI como bandeira ideológica. Quando Contarato diz que segurança “não é pauta só da direita”, ele está certo. Bandido não pergunta se a vítima votou no PT ou no PL.
A comissão também vai ouvir governadores, ministros, policiais e especialistas. É uma chance rara de construir um diagnóstico nacional, entender o que funciona em alguns Estados e o que fracassou em outros. E, quem sabe, sair da conversa fiada e criar políticas duradouras – com integração entre forças de segurança, inteligência e controle de fronteiras.
No fim das contas, não é sobre esquerda ou direita. É sobre um país que precisa escolher entre continuar refém do crime ou reagir com seriedade. A CPI pode não resolver tudo, mas é o primeiro passo para o Brasil parar de enxugar gelo e começar a enfrentar o problema com a coragem que ele exige.

Disputa ao Senado
O maior interessado na briga entre o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e a deputada estadual Ana Campagnolo (PL) é o senador Esperidião Amin (PP). Discreto nas redes, mas atento a cada movimento, Amin acompanha de perto o embate que expõe as fissuras do bolsonarismo catarinense e, ao mesmo tempo, abre espaço para sua própria recomposição política. Nos bastidores, o senador tem se empenhado em se reaproximar da base bolsonarista, ciente de que essa é a única via capaz de mantê-lo competitivo em 2026. O problema é que o campo à direita está cada vez mais congestionado.

Sobreposição e risco
A filiação da deputada federal Caroline De Toni (PL) ao Novo, tratada como questão de tempo, e a decisão de Carlos Bolsonaro de disputar o Senado por Santa Catarina, criam um cenário de sobreposição e risco para todos os envolvidos. Amin evita declarações públicas, mas joga com o tempo e com o desgaste alheio. Ele sabe que a confirmação das duas candidaturas torna seu projeto quase inviável, mas também conhece a natureza volátil do bolsonarismo: onde há fidelidade hoje, pode haver ruptura amanhã. Por isso, Amin torce silenciosamente por uma desistência, de Carolina ou de Carlos, e aposta que o próprio bolsonarismo, sempre movido a conflito, acabará lhe devolvendo espaço.

Viagem internacional
O governador Jorginho Mello participa, nos dias 10 e 11 deste mês, do Encontro de Negócios em Buenos Aires, na Argentina, promovido pela Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina). O evento será na Embaixada do Brasil e tem como objetivo ampliar as relações comerciais entre empresas catarinenses e argentinas. A missão, a primeira internacional da gestão de Gilberto Seleme na Fiesc, busca fortalecer a presença de Santa Catarina no cenário internacional e abrir novas oportunidades de exportação. A comitiva catarinense conta também com a presença dos secretários Bruno Oliveira (Comunicação) e Paulinho Bornhausen (Articulação Internacional).

Catarinenses
O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (PSD), apoiado pelo governador Romeu Zema (Novo), avança como principal nome da base governista para 2026, com forte presença catarinense em sua pré-campanha. O jornalista Maurício Locks, que também coordena o projeto presidencial de Zema, lidera a equipe desde abril. O time foi reforçado pelos catarinenses Marcello Natale e Arthur Cysne, responsáveis pelo conteúdo digital. O trio tem histórico de sucesso em Santa Catarina, em campanhas de Jorginho Mello, Orvino Coelho de Ávila e Carlos Moisés. A atuação conjunta em Minas reforça a influência catarinense no cenário político nacional e consolida o Estado como referência em marketing e estratégia eleitoral.

Jorginho na CPI
A CPI do Crime Organizado instalada ontem no Senado investigará a atuação de facções criminosas, lavagem de dinheiro, tráfico e corrupção. Entre os requerimentos aprovados, está o convite aos governadores e secretários de Segurança dos Estados mais seguros do país, incluindo Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Distrito Federal, para apresentarem suas experiências de sucesso no combate ao crime. Jorginho Mello deverá prestar depoimento sobre as políticas de segurança catarinenses, que têm se destacado nacionalmente por baixos índices de criminalidade.




