Narcoestado no Brasil; Amin lidera pesquisa pelo Senado; Zé Trovão condenado; entre outros destaques

O risco real de narcoestado no Brasil

O alerta feito pelo promotor de Justiça Lincoln Gakiya à CPI do Crime Organizado expõe um diagnóstico duro, mas necessário: o Brasil vive um ponto de inflexão no enfrentamento das facções criminosas. Não se trata de retórica alarmista, mas de um relato fundamentado por quem, há mais de duas décadas, acompanha a evolução do PCC (Primeiro Comando da Capital) – hoje, a organização criminosa que mais cresce no mundo, segundo o próprio promotor.

Ao afirmar que o país pode se tornar um narcoestado, Gakiya descreve critérios concretos: quando o crime organizado passa a influenciar a economia formal, infiltrar-se na política, dominar territórios e tornar o Estado, direta ou indiretamente, dependente de sua atuação. Os dados apresentados reforçam essa tese. O PCC já atua em todos os Estados brasileiros, no Distrito Federal e em 28 países, dialogando com máfias europeias, grupos africanos e organizações sul-americanas. Seu faturamento, estimado entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões por ano, é comparável ao de grandes conglomerados econômicos.

A facção se sofisticou a ponto de se infiltrar em contratos públicos, empresas de ônibus, fintechs e plataformas de apostas. Essa expansão é favorecida por fragilidades institucionais – a falta de integração entre órgãos de segurança, disputas internas e brechas legais exploradas por profissionais contratados para blindar financeiramente o crime.

Ao mesmo tempo, Gakiya destaca que o país ainda dispõe de condições para reagir. O arcabouço institucional existe; o que falta é coordenação, compartilhamento de informações e fortalecimento da investigação financeira, considerada essencial para desmontar estruturas mafiosas.

O Brasil precisa decidir se enfrentará o crime organizado com uma estratégia nacional integrada ou se continuará permitindo que facções ampliem seu poder econômico e político. O desafio é imenso – e o tempo para reagir está se encurtando.

Liderança

A pesquisa Futura/Apex sobre a disputa ao Senado em Santa Catarina animou os aliados do senador Esperidião Amin (PP). Ele apareceu na liderança em três cenários. A segunda vaga segue indefinida, com o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) tecnicamente empatados em todas as simulações. Décio Lima aparece como principal nome da esquerda, mas distante dos líderes. A alta taxa de indecisos, acima de 24%, sinaliza que o quadro ainda pode mudar.

Direitos políticos

O advogado catarinense Marcelo Peregrino lança a nova edição de “Direitos Políticos, Tratados e Constituição” pela prestigiada Almedina Brasil, referência jurídica em Portugal. A obra examina o controle de convencionalidade dos direitos políticos no Brasil e as tensões entre o direito interno e os parâmetros interamericanos. Analisa a resistência institucional à aplicação de tratados de direitos humanos, a judicialização das eleições e o fenômeno do lawfare. O livro resulta do mestrado do autor na PUC-SP, orientado por Roberto Dias.

Vereadora

A Câmara de Vereadores de Agrolândia homenageou Hildegard Stoer Grimm, primeira mulher a ocupar uma cadeira no Legislativo do município e segunda vereadora da história de Santa Catarina. Prestes a completar 95 anos, ela recebeu uma Moção de Aplauso por sua trajetória de pioneirismo e dedicação comunitária. Eleita em 1973 pela antiga Arena, com 298 votos, Hildegard marcou a quarta legislatura como a primeira vereadora de Agrolândia. Seu legado de compromisso público segue inspirando gerações e consolidando seu papel na história local e catarinense.

Indenização

A 2ª Turma Recursal do TJSC decidiu, de forma unânime, manter a condenação do deputado federal Zé Trovão (PL) ao pagamento de R$ 50 mil por danos morais à ex-companheira. O relator, juiz Edson Marcos de Mendonça, ressaltou que o próprio parlamentar admitiu em entrevista ter dado “um tapa na cara” da vítima, afastando a tese de legítima defesa. O voto também chamou atenção para mensagens que indicam violência psicológica e patrimonial. A decisão sublinha a gravidade do caso por envolver agente público e reforça a postura da Justiça contra a naturalização da violência contra a mulher.