Transição do Republicanos; Diárias; Cota para o RJ; Visita de Seif negada; entre outros destaques

Carmen e a transição do Republicanos

O Republicanos de Santa Catarina deve passar por uma mudança de rumo político com a provável chegada da prefeita de Lages, Carmen Zanotto, à presidência estadual da sigla. A substituição do atual presidente, deputado federal Jorge Goetten, vem sendo tratada como um movimento de acomodação interna, mas também de reposicionamento estratégico do partido no cenário catarinense.

A entrada de Carmen, figura de perfil de diálogo amplo, indica uma tentativa de afastar o Republicanos do campo mais radical da direita e aproximá-lo de um discurso de centro, mais pragmático e voltado à governabilidade.

Com uma trajetória marcada pela atuação na área da saúde e pela interlocução com diferentes espectros políticos, Carmen é vista como um nome capaz de imprimir estabilidade e construir pontes com outras legendas, especialmente em um momento em que o partido busca ampliar sua presença institucional em Santa Catarina.

Sua condução deve priorizar uma agenda voltada à gestão pública e à eficiência administrativa, distanciando o Republicanos das pautas ideológicas que marcaram a fase anterior da sigla, mais alinhada ao bolsonarismo.

A mudança ocorre em um contexto de reacomodação de forças no Estado, com partidos de centro e centro-direita redesenhando alianças de olho em 2026. A aposta em Carmen também reflete a tentativa da direção nacional do Republicanos de consolidar quadros com potencial eleitoral e trânsito em diferentes governos estaduais.

Goetten, por sua vez, deve continuar tendo papel relevante na legenda, mas a troca sinaliza uma nova fase, em que o Republicanos busca ocupar o espaço deixado pelo enfraquecimento de siglas tradicionalmente identificadas com o conservadorismo, sem abrir mão de um discurso moderado e de resultados.

Escândalo das diárias

A 2ª Câmara Criminal do TJSC condenou os ex-vereadores Arlindo André da Cruz, Artêmio Correa e Osmar Paulo Anton, ex-presidentes da Câmara de Rio Negrinho, por peculato. Eles participaram de um esquema de cursos fictícios que permitia o pagamento de diárias indevidas, desviando recursos públicos e se beneficiando pessoalmente. Cada um pegou quatro anos, cinco meses e 10 dias de reclusão, em regime semiaberto, além de reparação ao erário. O esquema ocorreu entre 2010 e 2016, e os cursos serviam apenas para justificar pagamentos e emitir certificados falsos.

Além dos ex-vereadores, empresários e funcionários das empresas Instituto Ideia, PHD Consultoria e V&V Vereadores e Vereadoras do Brasil também foram condenados. Esse núcleo empresarial do esquema organizava os cursos fictícios e recebia inscrições pagas pelo município. O prejuízo ao erário chegou a R$ 615 mil, entre diárias e inscrições. Alguns réus tiveram a punibilidade extinta por prescrição ou falecimento. As condenações tanto dos ex-vereadores quanto dos outros envolvidos cabem recursos.

Cota para o Rio de Janeiro

O deputado estadual Fabiano da Luz (PT, foto) achou, no mínimo, curioso o reitor da Udesc, José Fernando Fragalli, ter sido convocado pela Alesc para explicar o edital que reserva uma vaga do curso de pós-graduação em música para candidatos das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. Segundo ele, bastou aparecer a palavra trans e a menção a um nordestino para “o mundo vir abaixo”. Fabiano ironizou o clima criado em torno do tema das cotas, lembrando que Santa Catarina tem um senador carioca: “É curioso, porque de três senadores, Santa Catarina tem um carioca, e no ano que vem, de duas vagas para o Senado, querem oferecer uma também para um carioca. Daí cota de 50% para o Rio de Janeiro pode”.

Má-fé

Em Piratuba, no Oeste do Estado, uma ação trabalhista virou piada nos bastidores jurídicos. A advogada de uma saladeira resolveu confiar demais na Inteligência Artificial para redigir a petição inicial e o resultado foi desastroso. O texto veio recheado de citações inexistentes, decisões fantasiosas e até o nome de um “relator” que, ao ser checado pelo juiz Daniel Carvalho Martins, da Vara do Trabalho de Concórdia, revelou-se dono de um bar em Ponta Grossa (PR). O magistrado não achou graça: extinguiu o processo, aplicou multa de R$ 3.700 por litigância de má-fé contra a saladeira e ainda encaminhou o caso à OAB.

Comemoração

O Sindifisco/SC (Sindicato dos Fiscais da Fazenda do Estado de Santa Catarina) completa 37 anos no próximo dia 22, e celebrará a data com uma confraternização especial na Alameda Casa Rosa, em Florianópolis, em parceria com a Aproesc (Associação dos Procuradores do Estado de Santa Catarina). O encontro reunirá auditores fiscais, procuradores, filiados ativos e inativos, além de convidados dos Três Poderes. Mais do que um aniversário, será uma noite importante para a categoria, que celebra sua trajetória e reafirma sua relevância na vida pública catarinense.

Sem visita

O senador Jorge Seif Júnior (PL-SC) usou a tribuna do Senado para reclamar de não ter sido autorizado a visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro, alegando que o pedido foi feito há meses. Ele considerou desproporcional a restrição, comparando a situação de Bolsonaro a presos com direito a visita íntima. Seif atribuiu a responsabilidade ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. Pedidos de visita liberados recentemente, como os da deputada Caroline De Toni (PL), do senador Esperidião Amin (PP) e do governador Jorginho Mello (PL), vieram da própria defesa de Bolsonaro. Resta saber se a defesa do ex-presidente já solicitou formalmente a autorização para Seif.