Tarifaço em SC; Congresso dos Tribunais; De Toni não desiste; Pauta na Alesc; entre outros destaques

SC sente no bolso os efeitos do “tarifaço”

O telefonema de 30 minutos entre Lula e Trump não foi apenas protocolo: é uma questão de sobrevivência para a economia de Santa Catarina. O “tarifaço” de 50% imposto pelos Estados Unidos já derrubou em 55% as exportações catarinenses para aquele mercado em setembro, comparado ao mesmo período do ano passado, chegando a apenas US$ 78,7 milhões, segundo dados do Observatório Fiesc. Partes de motor reduziram 57,1%, outros móveis recuaram 14,5% e motores elétricos perderam 11,9%. Não são números frios: são empregos ameaçados, indústrias pressionadas e famílias sentindo o impacto.

Gilberto Seleme, presidente da Fiesc, não esconde a gravidade: manter essas tarifas compromete a competitividade e provoca perdas de vagas que já começam a aparecer na indústria. Para ele, não há tempo a perder: o diálogo com os Estados Unidos é a única saída viável. E é exatamente isso que Lula buscou no telefonema, pedindo a retirada das tarifas e defendendo negociações técnicas, com argumentos sólidos, em vez de confrontos ou retaliações. Trump, por sua vez, chamou a conversa de positiva e sinalizou interesse em fortalecer a cooperação econômica, com um encontro presencial marcado para aprofundar o diálogo.

Enquanto Brasília e Washington negociam, Santa Catarina não fica parada. O governo do Estado lançou um pacote de R$ 435 milhões para apoiar empresas afetadas, com créditos de exportação liberados, ICMS postergado e financiamento emergencial. Medidas importantes, mas paliativas: a solução definitiva depende de decisões políticas e diplomáticas de alto nível.

O telefonema de Lula não é apenas uma formalidade. É uma oportunidade concreta de salvar empregos, reequilibrar o comércio e dar um fôlego às indústrias catarinenses. Cada dia de tarifa mantida representa perdas reais, e o tempo para agir já está contado. Se o diálogo fracassar, os impactos serão sentidos não apenas nas estatísticas, mas nas vidas de milhares de trabalhadores e nas linhas de produção que sustentam a economia do Estado.

Ministros em SC

Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça, Cármen Lúcia e Flávio Dino confirmaram presença na conferência de encerramento do 4º Congresso Internacional dos Tribunais de Contas. O evento reunirá, no Centrosul, em Florianópolis, entre 2 e 5 de dezembro, mais de 2.500 pessoas, entre conselheiros, procuradores de contas, auditores, servidores dos Tribunais de Contas, membros dos três Poderes e do Ministério Público, representantes de entidades públicas e privadas, acadêmicos e organizações da sociedade civil, do Brasil e do exterior, para compartilhar experiências, debater e refletir sobre os grandes desafios do sistema de controle externo.

Embaralha o jogo

A deputada federal Caroline de Toni (PL) continua decidida a colocar seu nome na disputa pelo Senado em 2026 e promete mexer no tabuleiro catarinense. Ele ainda avalia se vai pelo Republicanos, partido da base do governador Jorginho Mello (PL), ou pelo Novo, que pode tanto caminhar com o governador quanto com o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD).

Momento dela

O presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro, saiu em defesa da deputada federal Caroline de Toni na disputa pela vaga ao Senado em 2026. Em declaração contundente, Ribeiro afirmou que “todo o mundo político de Santa Catarina sabe que esse é o momento dela”, destacando sua votação recorde, respeito entre prefeitos e atuação de destaque na presidência da CCJ da Câmara. Ribeiro criticou ainda a postura do governador Jorginho Mello, que teria sinalizado apoio à deputada, mas acabou fechando com o senador Esperidião Amin (PP). Para ele, Caroline reúne credenciais para garantir a candidatura, que considera justa não só à parlamentar, mas também a Santa Catarina.

Contraponto

A defesa dos policiais militares representada pelo escritório Studer Ferreira Advogados se manifestou após nota “Crime de tortura” publicada na edição de ontem da coluna. Esclarece que o processo segue em andamento no Superior Tribunal de Justiça, sob segredo de Justiça, e que, por envolver município de pequena população, a divulgação de detalhes pode expor as partes. Ressaltou ainda que não ocorreu o trânsito em julgado, razão pela qual o caso continua pendente de decisão definitiva.

Universidade Gratuita

Em reunião conjunta hoje, as comissões de Constituição e Justiça, Finanças e Tributação, e Trabalho, Administração e Serviço Público da Assembleia Legislativa vão analisar projetos encaminhados pelo Executivo que alteram regras do programa Universidade Gratuita e do Fumdesc (Fundo Estadual de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior Catarinense). Segundo o governo, as mudanças têm como objetivo reforçar a fiscalização e aprimorar a governança das duas iniciativas, que se tornaram centrais na política de acesso ao ensino superior em Santa Catarina.

Abutres

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) subiu o tom contra a disputa de lideranças conservadoras pela herança política do pai, Jair Bolsonaro, declarado inelegível em 2023. Em suas redes, chamou de “abutres” os que tratam o ex-presidente como “uma carniça política a ser rapinada” e afirmou que não sacrificou sua vida para permitir que oportunistas ocupem o espaço do bolsonarismo. O recado é claro: Eduardo se coloca como o nome natural do campo conservador em 2026, reforçando a ideia de que, para ele, a direita brasileira só existe sob a sombra da família Bolsonaro.

Corrida presidencial

As declarações vieram em meio à corrida pelo apoio de Bolsonaro na disputa presidencial. No PP-União, Ciro Nogueira busca se tornar vice na chapa do ex-presidente, enquanto Ronaldo Caiado (GO) se lançou pré-candidato. O governador Tarcísio de Freitas (SP) nega interesse, mas permanece como aposta do Republicanos. Outros nomes surgem no cenário, como Ratinho Júnior (PSD) e Romeu Zema (Novo), mas, segundo Eduardo, nenhum deles representa o legado do pai. A política conservadora brasileira parece, assim, cada vez mais centrada no clã Bolsonaro, com seus líderes tentando ocupar um espaço que, para Eduardo, só pode ser de sua família.