A Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) sediou, na última quarta-feira (20), uma audiência pública para discutir os desafios e avanços no diagnóstico e tratamento do câncer no estado. O encontro, promovido pela Comissão de Saúde, reuniu representantes do poder público, profissionais da saúde, entidades da sociedade civil, pacientes e especialistas da área oncológica, além de autoridades da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Durante o debate, foram apresentadas iniciativas do Governo do Estado voltadas à ampliação e agilidade no atendimento oncológico. A audiência também destacou a importância da articulação entre os entes federativos, municípios e organizações da sociedade civil para garantir um tratamento mais célere e humanizado aos pacientes.
O presidente da Comissão de Saúde da Alesc, deputado Neodi Saretta, conduziu os trabalhos e reforçou a necessidade de políticas públicas eficientes e sustentáveis para o enfrentamento do câncer em Santa Catarina. “Nosso papel, enquanto Parlamento, é trazer à luz os problemas enfrentados pela população, ouvir especialistas, entidades e o próprio governo, para que possamos buscar soluções conjuntas e cobrar o que é necessário para que a população tenha atendimento digno e ágil”, destacou o parlamentar.
Representando o Executivo, o secretário de Estado da Saúde, Diogo Demarchi, apresentou um panorama das ações estaduais voltadas ao enfrentamento do câncer, como a ampliação da rede hospitalar especializada, a separação das cirurgias oncológicas das eletivas e o investimento de R$ 30 milhões anuais nos Consórcios Intermunicipais de Saúde para a realização de exames como mamografias, endoscopias e colonoscopias.
Demarchi também ressaltou o avanço do Estado na realização de cirurgias oncológicas dentro do prazo considerado ideal. “Saímos de menos de 50% dos casos operados em até 60 dias para mais de 70%. Isso é resultado de uma reorganização da rede e do comprometimento com o paciente, que não pode esperar”, afirmou.
Um dos destaques da audiência foi a apresentação do Painel Oncologia SC, ferramenta pública de monitoramento de dados disponível no portal do Cieges (Centro de Informações Estratégicas para a Gestão do SUS), que oferece transparência sobre os indicadores oncológicos do estado.
Também foi anunciado o início de uma nova estratégia: unidades móveis para exames em regiões com menor cobertura, além de apoio financeiro às Redes Femininas de Combate ao Câncer, iniciativa viabilizada com apoio da própria Alesc.
Apesar dos avanços, o secretário da Saúde chamou atenção para a ausência de representantes do governo federal no debate. “O SUS é tripartite, e para avançarmos mais precisamos da presença da União. O Estado tem feito sua parte, inclusive com mais de 500 milhões investidos em medicamentos oncológicos no último ano. Mas há limites e responsabilidades compartilhadas”, pontuou.
A audiência pública também contou com a participação de especialistas como o Dr. Carlos Gustavo Crippa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia; Dra. Aline Patrícia Bianchini, presidente da Sociedade Catarinense de Radiologia; Dr. Marcelo Zanchet, diretor-geral do Cepon; e Iriana Koch, diretora da Associação Brasileira de Portadores de Câncer (AMUCC).
Rede oncológica em Santa Catarina
O estado conta atualmente com 19 hospitais habilitados para atendimento oncológico pelo SUS, cobrindo todas as regiões catarinenses com serviços de diagnóstico, cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e outros tratamentos especializados. Em 2024, foram realizadas mais de 11 mil cirurgias oncológicas na rede pública.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa para 2025 é de 39.600 novos casos de câncer em Santa Catarina, sendo 4.670 apenas em Florianópolis. Os tipos mais incidentes são câncer de mama (em mulheres), próstata e colorretal.




